
Na manhã deste sábado 20 de Cheshvan 5781 (07/11/2020) faleceu uma de minhas referências, senão a referência, do pensamento judaico contemporâneo. O Rabino Lord Jonathan Sacks ztz”l, 72 anos, foi um dos ícones do pensamento judaico do século XX e XXI. Tendo escrito mais de 30 livros, eu tive o prazer de disfrutar de
alguns, entre eles destaco sua última obra lançada neste ano: Morality:
Restoring the commun good in divided times.
Meu primeiro contato com o pensamento de Rav Sacks foi através de seu livro A Letter in the Scroll: Understanding Our Jewish Identity and Exploring the Legacy of the World’s Oldest Religion. Este livro me despertou para a complexidade da
identidade judaica que vai além da identidade religiosa que comumente nos é
aprsentada. Mas justamente nesta obra ele apresenta o dilema de um judeu criado
dentro da tradição religiosa e que vem a conhecer e se relacionar com o mundo
fora de sua bolha cultural.
No seu último livro, o qual ainda estou lendo, Rav Sacks propõe o valor moral da
responsabilidade com o outro como forma de sanar, senão aliviar, os males dessa
sociedade cada vez mais individualista e agressiva a ideias contrárias. Rav
Sacks se despede de nós nos deixando uma lição de amor e fraternidade que deve
ser mútua não apenas com aqueles que compartilham de nosso pensamento,
ideologia, partido político ou credo, mas que deve ser compartilhado com toda a
sociedade. Nos últimos 20 anos a sociedade tem diminuído o uso de valores como
respeito, honra, consciência para usar valores de rancor, vergonha, direitos etc.
A sociedade está dividida em “eus”. O ego é mais forte que a razão. As pessoas se veem como exitosas sem mesmo se imaginarem no processo que poderá levar ao êxito. É como o estudante de terceiro ano que compra um estetoscópio para se ver como o médico do futuro e falta as aulas de biologia. Se não somos capazes de avaliar e enfrentar os processos que nos formam como profissionais, jamais estaremos preparados para entender os processos que levaram outra pessoa a ser o que ela é. E este é um dos motivos que nos leva a não aceitar os diferentes e seus processos.
A moralidade imposta por fatores externos é escravizante, mas a moralidade que parte do interior do indivíduo é libertadora.
A moralidade não pode ser terceirizada pois depende de cada um de nós. Sem o autocontrole, sem a capacidade de adiar as gratificações dos instintos, sem os hábitos do coração e ato que chamamos de virtudes, nós eventualmente perderemos nossa liberdade – Morality, Jonathan Sacks
Como estudante de Filosofia Judaica não poderia deixar de expressar meus
sentimentos e compartilhar um pouco dos últimos pensamentos daquele que me inspirou no equilíbrio de minha fé e na escolha de minha carreira.
Ficam aqui meu agradecimento e minha homenagem a Rabbi Lord Dr. Jonatahn
Sacks, ztz”l.
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Que o legado do Rabbi Lord Dr. Jonatahn
Sacks, ztz”l. , possa inspirar a cada um de nós.
Que profunda tristeza perda.😔
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Sempre será uma inspiração
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Meus sentimentos, uma perca irreparável. No meu entendimento, um dos maiores pensadores do gênero humano e da modernidade judaica.
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Certamente
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Muito bom, muito bem escrito. Parabéns, Kaleb. Rabi Sacks continuará sempre uma referência.
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Certamente continuará guiando o pensamento judaico contemporâneo por muitas gerações.
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